quinta-feira, 24 de outubro de 2013

No deserto da crise precisamos obedecer a Deus sem racionalizações


A crise é um tempo de oportunidade. As grandes lições da vida são aprendidas no vale. O deserto é o cemitério dos covardes e incrédulos, mas também campo de semeadu­ra e treinamento para os que confiam nas pro­messas de Deus. É no deserto que as máscaras caem. O deserto não é lugar para atores. Os hipócritas não sobrevivem a ele. Os lobos aca­bam colocando as unhas de fora. A crise é o crivo que separa o joio do trigo. É no cadinho que o ouro se distingue da escória. Só na tem­pestade ficamos sabendo se a casa foi construída sobre a rocha ou sobre a areia.
Deus levou o povo de Israel para o de­serto para saber o que estava no seu coração (Dt 8.2). O deserto diagnostica os desígnios do coração, as motivações profundas da alma. Obedecer quando tudo está bem não é difí­cil. Crer em Deus em tempos de prosperida­de é fácil. Dar testemunho da fidelidade de Deus quando as chuvas de bênçãos do céu estão caindo generosamente sobre nós não é difícil. Somos chamados a obedecer em tem­pos de crise. Somos convocados a crer mes­mo que o cenário à nossa volta esteja pardacento como um deserto.
Os amigos de Daniel na Babilônia ou­saram confiar em Deus não por aquilo que Deus fazia, mas em razão de quem Deus era. Eles estavam prontos a ir para a fornalha de fogo ardente, mesmo que Deus não quisesse livrá-los do fogo. A fidelidade a Deus independe das circunstâncias. Daniel prefe­riu a morte na cova dos leões a transigir com sua consciência. José do Egito preferiu a pri­são ao adultério. João Batista estava pronto a perder a cabeça, mas não a integridade do seu ministério. 

Isaque também é convocado a obede­cer a Deus no fragor da crise. O Senhor tem duas ordens para ele. Primeira: "Não desça ao Egito" (Gn 26.2). Não fuja do problema. Não busque soluções fáceis. Não ensarilhe as ar­mas. Não corra do perigo. Não negocie seus valores absolutos. Não desista de seus sonhos. Não deixe de esperar um milagre. A segunda ordem foi positiva: "Procure estabelecer-se na terra que eu lhe indicar" (Gn 26.2). Floresça onde você está plantado. A solução do pro­blema não está em mudar de lugar, mas em mudar de atitude. Agarre a crise pelo pesco­ço. Enfrente o seu gigante. Prospere no seu deserto. Invista em tempos de crise. Creia em Deus quando todos estão batendo em retira­da. Não desanime, continue esperando.
Isaque não discute, não questiona, não racionaliza, não duvida. Ele obedece pronta­mente, pacientemente (Gn. 26.6). Deus o man­da ficar, ele fica. Deus dá uma ordem, ele obedece. A obediência imediata abriu-lhe a porta da esperança. Ele prosperou naquela terra. Ali ele viu milagres extraordinários acon­tecendo. O nosso triunfo é resultado da nos­sa confiança em Deus. É Deus quem trans­forma desertos em pomares e fracassos em vitórias. É ele quem faz dos nossos vales ver­dadeiros mananciais.
Muitos transformam os desertos da vida em campos de murmuração. Outros ficam empapuçados de amargura contra Deus ao enfrentarem as privações naturais do deser­to. Há aqueles que perdem a paciência e querem botar logo os pés na estrada que desce ao Egito. Há ainda os que acham que o melhor é morrer no deserto. São aqueles que se entregam à auto piedade. São fracos, covardes, incrédulos. Só enxergam os problemas, sem divisar soluções. Só vêem os gigantes, mas não a onipotente mão de Deus. Perecem no deserto e não conseguem entrar na terra prometida.

Mais do que nunca precisamos de pes­soas que tenham a visão do farol alto. Gente que enxerga por sobre os ombros dos gigan­tes, que não desanima ao sinal da primeira dificuldade, que não entrega os pontos nem joga a toalha, fugindo do combate. Enfim, gente que anda pela fé e não pelo que vê. Os visio­nários caminham quando todos estão parados. Os vencedores são aqueles que não vivem choramingando por causa da crise nem colo­cando a culpa no sistema, mas semeiam no deserto e colhem a cento por um. O mundo está carente de homens e mulheres que ou­sam crer em Deus em tempos de crise, pessoas como o profeta Habacuque, que se alegra em Deus mesmo no vale mais sombrio da histó­ria. As pessoas que triunfam na vida fazem do deserto um campo de semeadura, e da crise, uma oportunidade.

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