terça-feira, 5 de novembro de 2013

No deserto da crise precisamos conjugar trabalho e liturgia (Gn. 26.24-25)

A prosperidade é resultado da diligên­cia e da devoção. Não basta ser rico, é preciso ser próspero. Há muitas pessoas ricas profun­damente infelizes. Há muitas pessoas que não possuem dinheiro, são possuídas por ele. Há muitas pessoas cujo dinheiro não é um servo, mas o dono de suas vidas.
A riqueza sem Deus é um poço de per­dição. A riqueza sem Deus é um laço do in­ferno. Não há nada mais perigoso do que o homem pensar que é autossuficiente. Jesus chamou de louco o homem que ajuntou mui­tos bens e pensou alimentar a sua alma por longos anos com coisas materiais.
Jesus contou a parábola do homem rico e Lázaro, mostrando com cores vivas a medonha realidade daqueles que vivem nababescamente neste mundo, bebendo todas as taças dos prazeres, banqueteando-se em festivais repletos de ostentação, sem re­fletir sobre o destino da sua alma e sem abrir o coração para assistir o necessitado à sua porta. O rico morreu e foi sepultado.
A morte chega para todos. [...] É o sinal de igualdade na equação da vida.
O maior drama do homem rico, con­tudo, não foi a sua morte, mas a sua conde­nação eterna. Ele foi para o inferno. Lá teve de ficar em tormento incessante, separado para sempre de qualquer possibilidade de alívio, enquanto Lázaro, o homem pobre tomado por cha­gas que jazia à sua porta, morreu e foi levado pelos anjos para o Seio de Abraão, para o paraíso, onde não há dor, nem sofrimento, nem lágrimas.
Feliz é o homem que reconhece que toda a boa dádiva vem das mãos de Deus. É Deus quem nos faz prosperar. A bênção do Senhor enriquece e nela não há desgosto. Quando buscamos a Deus em primeiro lugar, ele trabalha em nosso favor, ele faz hora ex­tra por nós e para nós. [...] Bem-aventurado é aquele que anseia por Deus mais do que por riqueza, poder ou força. Feliz é aquele que leva Deus para o seu trabalho e traz o seu trabalho para Deus. Feliz é aquele que levan­ta altares para Deus no seu trabalho [...].
No deserto devemos ca­var poços e levantar altares ao Senhor. Preci­samos trafegar da igreja para o nosso traba­lho com a mesma devoção. Toda a nossa vida está envolta pelo sagrado. Nosso labor é san­to. Nosso trabalho é santo. Nossa segunda-feira precisa ser tão cúltica quanto o culto de domingo. Se no seu escritório, no seu balcão, no seu comércio, na sua indústria, no seu cam­po, você não levanta altares a Deus, seu cul­to na igreja será vazio.
Não é correta a teologia que dicotomiza a vida em sagrado e profano. Muitas pesso­as pensam que o trabalho é coisa secular, enquanto o culto na igreja é sagrado. Há pessoas que vivem essa dualidade. No tra­balho agem de um jeito, e na igreja, de ou­tro. No trabalho vale tudo, pois ali é um cam­po onde Deus não entra. Na igreja, contu­do, essas pessoas são legalistas e aparente­mente piedosas. Essa visão da vida é falsa. Antes de Deus aceitar o nosso culto, ele pre­cisa aceitar a nossa vida. A oferta de Caim foi rejeitada porque a vida de Caim foi rejei­tada. Toda a nos­sa vida deve ser uma liturgia de adoração a Deus. Jesus condenou a atitude dos fariseus que eram muito espirituais no templo, mas no dia-a-dia roubavam das viúvas, despre­zavam os pais e se julgavam melhores do que as outras pessoas.

Isaque nos ensina o princípio de que tudo na vida é sagrado. Cavar poços deve ser um ato litúrgico. Tudo o que fazemos deve ser para a glória de Deus. Tudo o que fizermos, seja em palavra ou em ação, deve­mos fazer em nome de Jesus, dando graças ao Deus Pai. Devemos trafegar da nossa casa para o trabalho e do trabalho para a igreja com a mesma devoção. Todo o trabalho dig­no e honesto é uma liturgia de adoração ao Senhor. Precisamos, à semelhança de Isaque, erguer altares ao Senhor enquanto caminha­mos, enquanto trabalhamos, enquanto estu­damos, enquanto vivemos. Tudo o que so­mos e temos vem de Deus, e por tudo deve­mos dar a ele a glória devida ao seu nome.

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